A intuição do outro...




O que desenvolvi eu nesta vida que tenho levado? Uma vida feita de milhares de quilómetros, de centenas de culturas, de dezenas de cruzamentos de fronteira. Uma vida feita de mudança, de novidades, de encontros.


Eis o que o viajando desenvolve viajando: A intuição do Outro. A quase certeza de saber quem se tem pela frente. E ter que compreendê-lo em poucos segundos.

Por vezes trata-se de aceitar o convite para uma refeição ou de ser levado por becos e vielas a uma direcção incompreensível. Que intenções esconde o outro? Que motivos o movem? O que pretende de mim? É uma pessoa de boa vontade? As dúvidas são legítimas: o viajante solitário sente-se particularmente indefeso ao caminhar por territórios e culturas desconhecidas.


Gonçalo Cadilhe,
SURF Portugal, Fevereiro de 2007

Comentários

Fada do mar disse…
Ao ler o texto que para aqui trouxeste, revi o meu comportamento nos últimos tempos.
Na viagem da vida (e não apenas nas viagens que vamos fazendo), tenho forçosamente desenvolvido essa "intuição do Outro"; tudo nos é dado de forma tão imediata; é tudo tão descartável, veloz e efémero... Por outro lado, o tempo escasseia e o medo abraça-nos constantemente. Em virtude disso, urge estar atento e desperto. Logo, na minha caminhada, todas as dúvidas são legítimas.
Obrigada por este momento.
Posso levar as letrinhas que aqui deixaste para o meu canto? ;-)
Anónimo disse…
Ser intuitivo é ter a capacidade de ver mais além!
É ultrapassar a barreira do nosso eu!
É estar atento ao Outro...mesmo que isso por vezes implique, uma paragem no meio do trilho da vida para reflectirmos e para decidirmos...decidir as paragens, os caminhos...
"Quando nos apercebemos da grandeza da obra...é o momento essêncial! Ou paralisamos e desistimos ou avançamos com um passo de cada vez!"-continua a avançar, vais ter sempre o Outro a acompanhar!

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