A mística do surf com o Saca e o Pedro Adão e Silva

A Surf Portugal desde que me lembro de a ler, aí pelos meus catorze anitos, sempre teve uma ou duas páginas que devorava assim que podia. Algumas coleccionava mesmo.

Uma era o "Pulsar das Marés", de um rapaz que se chamava Gonçalo Cadilhe. Escrevia com alma e sentido, contava histórias com caminho. Escrevia da vida que vivia e das vidas que testemunhava. Foi ao tempo, uma inspiração. Nos dias que correm, de "hotel em hotel até ao restaurante final" (expressão que ouvi da boca de um editor), já escreve corrido, cheio de lugares comuns e até já guias de viagem em formas muito coloridas escreve. Tenho saudades daquela escrita densa, que nos fazia pensar. E conseguir isso em escrita de viagem, por natureza uma escrita tão seca e descritiva... é obra.

Hoje tenho de novo uma referência na Surf Portugal. A rúbrica de Pedro Adão e Silva que se chama "Sal da Terra". Já publicou um livro com o mesmo nome que recolhe estes textos, ele ateu, escolhe para prefaciador o padre poeta Tolentino de Mendonça.

É um exemplo do exemplo conhecido, que o Professor Jalali nos dizia por vezes, "da faísca do confronto, se chega à luz que ilumina".
Quando se encontra gente boa, mesmo que diferentes, esse é o único desfecho.

Há muita empatia com este escritor. Gosto do nome próprio! :-)
Gosto das ideias e pontos de vista políticos que ouço na TSF e leio no Expresso. Gosto das ideias e soluções de políticas sociais.

Depois há aquela empatia que se tem por uma pessoa que é professor no ISCTE ou em qualquer ISQualquer, mas que também é surfista e vê o surf como um estado de espírito, uma comunhão com a vida, com o mar e tudo o que é criado, com o respeito próprio que se lhe tem, a par com a contemplação intrinseca do que é vida, a vida no mar e a vida do mar. Acredtio que não veja o surf tanto como um desporto normal, com campeonatos e competições (que é coisa que pouco me interessa e que a Surf Portugal cada vez mais tem, mas compenso com a leitura da SOUP SURFERS MAGAZINE... a melhor revista de surf no momento, que desde a primeira à última página se respira o spirit).

Este texto, da SP 222 diz-me muito sobre o surf, sobre a vida, sobre o momento político, educativo, associativo do nosso país e do mundo.

É isto que quero dizer e mostrar aos meus filhos e é mesmo isto que temos de ser, como o Saca e como o Adão, o Pedro Adão e Silva.

Boas leituras...

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