Paragem


Vem aí tempo tranquilo à força, porque cheio de vontade de continuar...
Mas as ondas não páram. Quando o Espírito sopra no Vento, já nada as pára!
Custam sempre as paragens obrigatórias, um semáforo vermelho que nos interrompe o destino. Há ali qualquer coisa contra natura que nos incomoda, enquanto travamos, abrandamos até ao zero à hora. Parece que interrompemos uma coisa que já estava planeada, e não assim.
Custa sempre porque andamos na estrada da vida, fazemos coisas, acontecem outras e nós faziamos parte, sonhávamos parte. Outras vezes andamos à velocidade de cruzeiro e já nem percebemos o que estamos a fazer. Realidade comum no ser de hoje, ocidental, em que o ritmo se impôe à vida, em que se é obrigado a ter um ou dois empregos para poder viver, em que não basta ser bom, tem de se ser melhor.
São dias custosos, os primeiros do silêncio imposto, como quem estaciona com a prancha na linha da maré e fica a ver as ondas passarem.
São custosos porque causam atrito, a mudança é sempre dolorosa.
Mas é assim que se estuda o mar e a vida. A olhar para lá, para as ondas, a ler nos livros como outros fizeram e como outros pensaram. Depois de parar, já nem queremos avançar. Basta uma tenda para Ti, para Moisés e Elias de tão bem que se está aqui...
Esse exercício de contemplação e aprendizagem, só se bebe em serenidade, parados, mas depois temos de seguir! Entra-se de novo e juntamo-nos àquilo para que estamos nascidos desde que nascemos: A praxis contemplada. Tudo ao mesmo tempo.



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