Lição de vida nº 31
O terceiro filme da saga Indiana Jones, o arqueólogo com um humor tão peculiar, é sobre uma busca.
A procura do Santo Graal, o cálice que Jesus utilizou para beber na última ceia e que depois terá recolhido o sangue de Jesus na cruz, na posse do amigo José, que era de Arimateia.
Indiana Jones vai à procura do pai, nao do Graal. O pai sim, toda a vida procurou pelo cálice.
Quando por fim o encontram, entre cataclismos de fim de filme, o filho que estava a cair no precipício, tinha de pegar nas duas mãos do pai que o seguraria e traria para cima. Mas o Graal tinha caído e estava ali a um palmo de distância. O filho queria-o agarrar e não dava ouvidos ao pai que lhe dizia para se agarrar a ele porque não o conseguia agarrar assim. Chamava pelo filho, pelo Júnior no bom inglês de Connery, mas o filho não ouvia, como se estivesse cego...
O Pai, por fim chamou-o Indiana. Nunca lhe chamava Indiana. Mas daquela vez disse pausada e tranquilamente: "Indiana... let it go boy"...
E o Jones, Jr. deixou para trás o tesouro que o pai procurara a vida toda... a vida toda...
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Quando se chega a uma certa idade, deixamos de dizer aquela frase "se eu morresse agora, morria satisfeito, porque o tempo que vivi, vivi-o na perfeição de um tubo de onda".
Há um ponto da vida, em que a colecção de tempo, traz algum arrependimento, uma sensação estranha de que se pudéssemos voltar atrás, fariamos algumas coisas diferentes. Como se fossem duas ervilhas duras na bota, duras que demoram a desfazer-se, mas que acabam por se desfazer.
A lição de vida nº 31 é aquela que nos diz como no filme, "let it go boy. Indiana... let it go..."
O perdão, aos outros, e principalmente a nós mesmos, é o feito heróico que devemos fazer a cada dia, centrar-nos no bem que somos e irradiamos e não ligarmos tanto àquilo que não correu bem.
É preciso deixar-nos ir, avançar, Ver! Perceber que o tesouro está dentro de nós e dos outros, e é na capacidade de errar e sequente redenção, que com ou sem fé, somos mais humanos e por isso cheios de beleza.
Somos seres de caminho e o caminho passa, fica em nós, mas nós continuamos, carregamos com ele, mas continuamos, seguimos adiante... É preciso despreendermo-nos. Acto ou efeito de ser despreendido... de bens materiais normalmente, mas neste caso e acima de tudo, daquele sítio onde caímos.
Bom ano de 2011 a todos...
lição de vida nº 31... let it go boy...
Comentários
Beijo e bom ano.