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A mostrar mensagens de setembro, 2012

Gostar da Vida

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# texto escrito para a Soup Surf mag . edição de Verão para a Buga , in loving memory É fácil a um surfista gostar da vida. Contemplo essa verdade à medida que os dias vão crescendo, o verde vai ficando mais verde e o azul do mar mais azul, mais translúcido. Seja ele de onde for, tenha ele o tom de pele que tiver, seja homem ou mulher, tenha dez ou oitenta e nove anos de idade, seja rico ou seja pobre… é fácil gostar.  Nem saberei bem distinguir o que será um surfista pobre, como se isso fosse um paradoxo inexistente. Quem desliza sobre as águas, conhece essa sensação, é por ventura dono da maior riqueza do mundo. É fácil, portanto, a um surfista gostar da vida, andar de bem e sempre que não o ande, ele lá sabe a direção a tomar para ir buscar a catarse necessária... a próxima onda, que nos faz andar, como se a procura não terminasse nunca e a seguir viesse sempre uma mais perfeita que a anterior. É fácil a um surfista gostar da vida, ter-lhe apego...

Água salgada, água sagrada

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in: Soup Surf Mag. ed #19 1. Dia 25 do mês do Ramadão, ano 1432 da Hégira de Maomé. Para nós, dá algures em Agosto, do ano de 2011. O sítio chamava-se Imsouanne e saímos de manhã cedo, para lá chegar ainda cedo. De Essauira a Imsouanne deu um pouco mais que uma hora, por caminhos áridos, mas sempre perto do mar. O rapaz tinha a minha idade, apesar das marcas cavadas do rosto e as mãos secas lhe darem outra maturidade que eu não tenho. Era lá, em Imsouanne que ele dizia que haviam ondas naquela altura de flat’ada global, mesmo ao lado do pico com as direitas mais compridas de Marrocos. Acreditei nele. Fomos. Estudou em Espanha, falava por isso bem espanhol. Para mim falava inglês. Foi nesses termos que me dirigi a ele a primeira vez que falámos à porta da sua loja que respirava surf por todas as prateleiras. Mesmo com alguns espanhóis connosco, mesmo que eu lhe falasse em espanhol, a resposta vinha em inglês. Manteve-se fiel a isso, tão fiel quanto era à ...