O mar estava como já não se via há dias largos. Vento de nortada, ondas de metro e meio, a entrarem ordenadas a sul do molhe. Coisa rara para surfista do litoral português, os picos quebravam tanto para a esquerda como para a direita. Naquela tarde de sábado devia ter alguma coisa de especial e, arriscando ir parar às rochas, algumas ondas havia que partiam para a esquerda levando quem nelas quisesse correr.Aquele pico tinha perto de vinte pranchas vigilantes, cada surfista aguardando por uma onda que desse para caminhar sobre as águas. A remada lá para trás exige esforço. A espera pela onda certa, exige paciência e sabedoria para perceber quando ela chega. A tarde estava quente, e ver o mundo da perspectiva de quem está sentado na prancha, com as mãos a salpicar a água enquanto se espera a onda com o nosso nome é uma coisa que nos enche o espírito. De quando em quando, vinha uma boa e com muita avidez dentro de água, eram vários os que nadavam para ela.Como na estrada, a tribo de surf...