Somos produto de uma infindável mistura de processos, acontecimentos, horas e desoras, de opções conscientes, de saltos para o escuro, decididos em repentes de loucura ou intuição, de mim mesmo ou dos outros, do outro. Vivemos à tona de água, corremos a água fria numa oportunidade, na ondulação que se forma atrás de nós. Pegá-la ou largá-la é uma decisão de centésimos de segundo. É nesse instante que jogamos toda a nossa vida, correr ou não correr, arriscar ou não arriscar, sonhar ou não sonhar, ousar ou não ousar. Apanhar a onda pode mudar tudo, não apanhar também. No antes nunca sabemos o depois. Tudo decidido num instante infímo que se traduz numa braçada vigorosa, com a força que já poderemos não ter. O resto é o voo, a vida, elevamo-nos, erguemo-nos. Por um esgar do olhar viramos para o lado certo ou errado e deslizamos ou caímos. Tão simples quanto isto. Decidir ou não decidir, falar ou ficar em silêncio, porque por vezes a imensidão azul não termina nunca e nós não sabemos, tem...